Do fim de Lisandra e Eros

Agulhas, facas, arpões, espadas

Cravados, fincados em corpo nu

O sangue escuro desce escadas

De encontro à foto em cor azul

Forma-se rios rubros, grossos

Que a olho nu não dizem nada

Mas para os olhos como os nossos

Mostram a imagem ajoelhada

Suplicando o perdão ao carrasco

Como foste a cena real a pouco

E pelo tempo impróprio, escasso,

Deliciou-se como se um louco

Em céus e infernos ali impressos

O vermelho na escadaria d'aflição

A obra, a arte, cuidado e pressa

Ainda lhe fora própria à precisão

Agulhas, facas, arpões, espadas

Esparramados ao corpo da donzela

O traído carrasco, vingou-se a cada

Dor que sofrestes em conta dela.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 17/09/2009
Reeditado em 24/06/2012
Código do texto: T1815688
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