Da Tempestade à Bonança
O vento levanta aquelas folhas amareladas
Caídas no agradável outono, recém findado
O Sol se apaga em nuvens escuras e pesadas
Tornando o céu azul-marinho-acinzentado
Os raios cortam o céu de modo assustador
Trovões me silenciam, olhar agora perdido
A janela clareia o quarto, revela minha dor
Clareia e evidencia meus medos escondidos
E dos pingos se faz uma tormenta violenta
Eis que sou invadida pelo frio e pelo penar
As lágrimas que caem também são intensas
Quebram o silêncio em soluços a engasgar
E ao sair desse transe, pude perceber
As nuvens já haviam se desfeito, revelando
Um Sol, já poente, vermelho a me aquecer
Em raios rijos secando todo o meu pranto
Nuvens leves, em algodão macio e suave
De fato doce, para quem se habilita provar
Da janela, em força revigorada que se abre
O cheiro da terra molhada invade o meu ar
E a calmaria estapafúrdia e repentina
Aquietou-me, trouxe-me a paz solene
O arco-íris que em minha vida ascendia
No fim do túnel, uma luz inconsciente
Então levanto, e arrumo o que restou da chuva
E me apresso, viver a vida, agora a cantar
Quanto antes à chegada daquela bruma
Que não tarda o meu canto a silenciar.