Sete dias assim...

Recostada em flancos de eras ébrias e perfumadas
A vagar alusão dum sonhar a realidade acordada
Olvidando da multidão, o refrão de vozes lamentadas,
Que assolam temerosas à noite de nubladas alvoradas...

Sete dias assim...

Além do contentar aliado aos risos dos prados
Na brisa alentada no trinar de sabiás encantados
Laçando em fitas rosas, a trama do amor versejado,
Atando em desejos os leitos floridos dos amados...

Sete dias assim...

Habitando as nuvens macias, ensurdecendo murmúrios,
E névoas receosas de quimeras trilhadas de infortúnios.
Chamuscados em promessas, a conjugar os gerúndios,
Dessecando as palavras dos céticos, aos sons arredios...

Sete dias assim...

E já não quero mais nada! Pois de alma leve e lapidada,
Gotejarei entre as calhas relevando pecados lavrados.
Propalando enlevos a dançar nas murarias dos regalados
Revendo as flores nas cores banhadas de sol, revigorada...

Sete dias assim...

Colando versos nas intempéries criadas dos dias banidos
Penetrando poros dos papiros rasgados na noite aturdida
Nos redemoinhos protelados em que flanei esquecida,
Que a roda dos ventos aleita os seios dos perseguidos!
Sete dias assim... Serei resgatada!

"A Poetisa dos Ventos"
Deth Haak
29/6/2006
Deth Haak
Enviado por Deth Haak em 05/07/2006
Código do texto: T187908