Lágrimas dos anjos

Na luz d’eterna verdade brilha lágrima ardente,

anjos singelos, cadentes dos ermos céus amados,

vão singrand’ o páramo das ondas, eternamente,

pseudo arvoredo diáfano de picos não sulcados!

Choram, calam, enquant’o horizont’os embebe,

entr'os rugidos robustos das águas sem fundo,

das agrestes ondas cujo castelo no mar não cabe.

Ermos Céus, Ermas Vagas, Regueiro Adormecido!

Pingo a pingo se despedaçam os anjos soluçantes,

mares inundam com os seus clamores desmanchados,

qu'o vento celeste beija e lhes adub'as sementes

úmidas d’incrível frescura,feito rosais fecundos!

N’escuma das vagas dormem os anjos do pélago,

desnudos, temerosos,perdidos,carentes de afago,

sonham que brisa marinh’os nine no seio do mar,

em beijos e suspiros que s'imam ao doce delirar!

Oh dóceis chorosos! Entre sonhos vão soluçando,

e desfolhand'a flor do mar parideira de gaivotas,

que as nuvem toca e os carrega sempre cantando,

no vaporoso sonhar, o banho das lágrimas castas!

Santos-SP-26/07/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 26/07/2006
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