CANSAÇO
‘Cansaço chegando.
E na ladeira da vida
O poente cai.’
Tudo se esvai
Quando a existência
Adormece no cais
Noites ficam vazias
As madrugadas gemem
A alma não mais responde
Só a dor silenciosa
Acaricia o sofrimento
E afoga soluços
Corpo inerte vacila
As juntas rangem
A pele nem mais escuta
O sangue escorre lento
Em veias preguiçosas
No coração só lamento
Mórbida tristeza
Onde antes só havia beleza
É o ocaso da natureza
A vontade entra de férias
A lua não mais prateia
Os caminhos do mar
Parecem esperar...
O naufrágio do nosso navio
Só nos resta chorar
Dores das despedidas
Ingratidões sofridas
E tentar soerguer
Forças das últimas vértebras
Da espinha alquebrada
Onde está alojada a saudade...
Hildebrando Menezes