O Pardal e a Rolinha

 

Hoje, distraidamente,

para a rua estava olhando,

quando numa pequena poça d’água,

vi um pardal e uma rolinha

alegremente se banhando.

 

Como era a primeira vez

que aquela cena eu via,

fui me sentindo atraída

pelo modo como o pardal fazia.

 

Ele mergulhava o corpinho

dentro daquela pocinha

logo depois ressurgia

e as asinhas batia.

 

Via então, alegremente,

a rolinha o imitando,

e durante muito tempo

o show continuei olhando.

 

Do lugar onde eu estava

podia observá-los bem,

sem que os assustasse

e sem que me vissem também.

 

Talvez por ser mais esbelto

e ela ser mais gordinha,

o pardal era mais ágil

e a rolinha mais lerdinha.

 

Mas isso não impedia

que o pardal continuasse

a ensinar a rolinha

o modo como nadasse.

 

Pareciam tão felizes

ali naquela pocinha,

e cada um a seu modo

fazia uma gracinha.

 

Indiferentes aos outros pássaros

que rente a eles voavam,

brincando os dois juntinhos,

seu grande show eles davam.

 

Era como se desafiassem

todas as leis naturais,

rindo o tempo inteiro

e desprezando tudo mais.

 

Isso fez com que eu pensasse

naqueles que não vivem bem,

porque não rompem as barreiras

do preconceito também.

 

Ao ver o pardal brincando

ali com aquela rolinha,

fiquei pensando na lição

que daquele modo vinha.

 

Espero que ao ler esse poema,

“O Pardal e a Rolinha”

você possa entender

o que eu quis dizer entrelinhas.

 

Mas se você não entender

não se preocupe não,

talvez não seja por aqui

que aprenderá uma lição.

 

 

Do Livro: “Simplesmente Poemas” – Pág. 81