A chegada da Primavera (parte II)

Chegada da primavera II

Os anjos derramaram na cama

Por todo o corpo da Terra

Tantas flores em colares em condões

Em cada conta, descritas suas emoções.

Os colares e condões de tantas cores

Lindos, diferentes e encantadores

Matizes, que até os contadores

De histórias, pediram, por favor, não pises

São como canteiros de lírios cor de rosa

Suaves como jasmins tão perfumados,

Perfeitos, alegres como rosas vermelhas,

Energéticos como os girassóis,

São tantas dádivas, bênçãos, em glória

Únicas poderão não ter reprises.

E a princesa de forma maravilhosa

Balançou a cauda de seu vestido

E dela escorregaram no tempo ido

Jardins cheios de rosas fogosas.

Desenhava em flores o vestido

A formosura de mulher esplendorosa

Eternizada nos relatos onde Helena

Florescia como primavera suprema.

Do outro lado, via a forma glamurosa

De uma rainha egípcia que o tempo

De todo não varreu a poeira do rosto

Marcando como lótus aberto ao sol

Seu morto poder, sua lembrança furiosa

De tudo aprisionar, até a mais valorosa

Forma de amar, sem se entregar

Ainda jovem, solteira e tanto altaneira

O tempo varreu-lhe os feitos

E sobrou de sua história somente poeira

Ah sede de poder luta tão inglória

Sobreviveu a esperança da flor simplória

Estendendo seu frágil caule ao vento

Passou por tantas eras e através do tempo

Registrou histórias, memórias,

Ah! Como pétalas ressurgidas ao sol

Do formoso e dourado girassol,

Enfeitou os séculos, a vida sob o sol.

Primavera, mulher de beleza estonteante

Sempre pronta a sorrir e gozar

No abraço do amante,

Renascer, florir no campo verdejante

Na brisa do vento, em seu eterno cantar

Na troca de par, no ato de amar...

Primavera, jovem eufórica em êxtase

De seu grito no seio noturno

Escuta-se o prazer do peito arfante

Carinhoso como as vozes murmurantes

Do regato cristalino que da terra

Escorre, regando teu colo edificante...

Primavera de seios despidos

Múltiplos, coloridos, tão bem nutridos

Como mãe gloriosa, oferece aos rebentos

Que lhe sugam a seiva deliciosa

Saciando-lhes, nutrindo-lhe sempre sedentos

Primavera teus seios depois de sorvidos

Mergulham no silêncio do cosmos

Viajando entre as estrelas pensantes,

Sonhadoras de seus jasmins carinhosos

E cravos São tantas dádivas, bênçãos, em glória

Únicas poderão não ter reprises.

cheirosos com beijos gulosos

Sorvendo-lhes o brilho metálico

Até o fim de seu imaginário idílio.

Sem destino, distantes, errantes

Voltando em outras formas caprichosas

Teus seios como Orfeu ressurgido

Procuram as flores de hoje no agora

Elas para ti sorriem, mas não te lembras

Pois jovem amante, de peito arfante

Em tua juventude, e beleza estonteante

Renascida, florida, perfumada

És única dádiva, benção, glória,

Sorriso de Deus, beijo dos anjos.

Desejo das estrelas, segredo dos poetas

Que celebram tua festa.

Publicado no Recanto das Letras em 12/9/2006

Ciranda da Primavera, iniciado pela Poetisa Akeza