Ao Luar - glosa Ao Luar de Augusto dos Anjos

Quando, à noite, o Infinito se levanta

À luz do luar, pelos caminhos quedos

Minha tátil intensidade é tanta

Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!

*

Quando, à noite, o Infinito se levanta,

em meio a um cristal de ecos entoados,

atrás do sono da aurora um sonho agita,

balbucia e geme, enche meus ouvidos!

Arranca co’as unhas da fantasia ávida,

à luz do luar, pelos caminhos quedos,

onde minha errante alma foi marcada,

a fogo mádido da lua e seus segredos!

De asas abertas toco as montanhas

trazendo seu abraço, oh carícia santa!

Minha tátil intensidade é tanta,

que me vem dançar o céu nas entranhas!

Nas gotas da lua me banho e divinizo,

afogando tantos ais vãos e tolos credos

e em meio a florescimentos me sublimizo,

que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!

Santos-SP-25/10/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 25/10/2006
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