NATUREZA EM FÚRIA

A noite aproxima-se devagar. E nuvens de

borrasca, transportam toda a sua ira,

para dentro de si, dando-nos um

espectáculo de luzes, produzidas pelos

relâmpagos, como se fossem espoletas,

prontas a explodir, no negro dos céus,

fazendo as pessoas apressarem-se,

para voltar às suas acolhedoras casas.

O trovão ribomba, por detrás dos

montes, para lá da linha do horizonte,

que não teve pôr-do-sol,

nem vislumbre de prata no rio,

emanada pela lua, que se

encontra escondida, pelas grandes

partículas de chuva, que se vão formando,

nas densas nuvens, enraivecidas.

E é este Inverno inflexível, que faz jus ao seu

nome e tem assolado este lado do hemisfério,

com ventos gélidos e tempestuosos.

E enquanto escrevo, lembro-me dos

que não têm casa nem um tecto,

para se protegerem das intempéries,

que parecem escolher os mais desolados,

para fazerem cair sobre si, toda a sua fúria.

Principiou a chover desgarradamente,

trovões e relâmpagos, não têm poiso,

e, tudo, parece mais temível, quando as

luzes da rua se apagam, deixando tudo às

escuras. É impossível estar à janela, sem

sermos fustigados, por uma imensidade

de água, vinda de todos os lados, deixando-nos

tontos e meio atrapalhados com a cólera do clima.

O rio começa a galgar suas margens e o lodo,

entrando nas águas, deixa tudo cinzento

e pestilento, com ondas bêbadas de vento,

indo de encontro, umas às outras,

deixando tudo em estado de sítio, e

atemorizando os pescadores, que não

conseguiram fugir, à imensa tempestade,

que veio – pelos vistos – para durar ainda.

Jorge Humberto

03/02/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 03/02/2011
Código do texto: T2770198
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