Canção de botequim para aquela que fugiu de mim

Eu canto a vida como quem canta o tédio,

queixo na mão, me queixo em silêncio.

Que remédio para nós, se tu foste embora.

Eu anoiteço em versos pobres

e a canção antiga me traz lembranças ruins.

Penso em nós dois como um só corpo

e uma cama vazia, vazia de mim.

É um espaço tão grande, que nem sei por onde começar.

Meu caminho é solitário e te procuro em cada horizonte.

Eu quero acalantar minh'alma.

E a calma que vem ti é que me faz sonhar.

Vem depressa dizer que me ama,

ou então retira de mim a tua imagem gélida.

Meu coração frágil e melancólico espera o teu sim,

sim para mim.

Ontem eu vi uma foto tua e estavas ao meu dispor.

Eras um misto de encanto e ternura, de maldade e lascívia,

de coisa nenhuma com um todo que é meu.

Bobagem. Era só uma foto, de tantas e tantas que me deste.

Nada de novo, nada de belo. Apenas eu e minhas quimeras.

Eu te espero a cada dia, na varanda que fiz para nós.

A rede, as plantas, enfim...

Eu te espero como quem espera a morte.

Eu vejo nosso ninho desfeito e desse jeito eu não vou suportar

Vem depressa dizer que me ama,

ou então retira de mim a tua imagem gélida.

Meu coração frágil e melancólico espera o teu sim,

sim para mim.

Eu ainda vou naquele lugar, ali na mesa do canto.

Eu ainda ouço a mesma música, e o mesmo drinque me é servido.

Eu me lembro de cada gesto, desde o primeiro.

Vem depressa dizer que me ama,

ou então retira de mim a tua imagem gélida.

Meu coração frágil e melancólico espera o teu sim,

sim para mim.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 10/02/2011
Reeditado em 12/05/2011
Código do texto: T2784143
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