Poeminha (ao ler Mario Quintana)
Sei que ao abrir esta página,
Vai se encontrar comigo, aqui escrito.
Por Clemência! leia-me até o fim!
Leia tudo o que aqui foi dito,
Não me abandones solitário assim...
Sou modesto poema, nascido de singela pena,
Cantando dores e alegrias do mundo,
Leve-me consigo, guarde-me
No seu coração...
Não feche o livro ainda não.
Tenho medo de ficar só
Trancado na escuridão...
Ao invés disso,
Empresta-me seus olhos e ouvidos,
Pois ao sair consigo,
Quero ver tudo o que se passa no mundo.
Das crianças, quero ouvir suas risadas,
Das donzelas, ver o olhar profundo.
Na praça quero ver as prostitutas,
Dependuradas num raio de sol
Que atravessou a copa das árvores
Para iluminá-las, expostas na vitrine da vida...
Nos jardins, o desabrochar da rosa
E da pequena margarida...
Preciso rever meus amigos,
Num bar tranquilo da esquina,
Com o tilintar de seus copos,
Dando um brinde: " - Viva a Vida! "
Não! Por mercê, lhe peço!
Não me tranque nas páginas deste livro...
Corro risco de nele mofar...
Ficando abandonado, nalguma prateleira,
Nalguma gaveta e, ali trancado e tristonho,
Longe de tudo me acabar...
jorê