Na realidade nada está perdido, nem pode ser perdido:
nenhuma forma, identidade, nascimento –
nenhum objeto do mundo.
Vida nem força nem coisa alguma visível,
as aparências não devem deter nem a esfera mudada
confundir teu cérebro.
Amplos são o espaço e o tempo, amplos
os campos da Natureza.

O corpo lerdo, envelhecido, frio - brasas restantes
de antigos fogos, luz esmaecida nos olhos -
há de outra vez flamejar como deve;

o sol agora baixo no ocidente levanta-se em manhãs
e meios-dias contínuos;
aos canteiros gelados retoma sempre
o invisível código da primavera
com relva e flores, grãos e frutos de verão.
 
                                                 
(tradução de Geir Campos)


 
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        Whitman,  Walt.  Folhas de Relva.  Seleção 
          e tradução de Geir Campos.  Ilustrações de 
          Darcy Penteado.  Ed. Civilização Brasileira. 
          Rio de Janeiro, 1964.  



Walt Whitman (EUA)
Enviado por Helena Carolina de Souza em 28/10/2011
Código do texto: T3303036