Remissão

Eu hoje resolvi mudar,

retirar do meu pobre léxico

palavras que causam dor.

Não falar, para não ouvir.

Eu hoje decidi mudar minhas roupas

e joguei fora tudo aquilo que é moda.

Vou vestir-me de mim mesmo,

ou seja, serei o máximo que puder

de mim mesmo.

Eu hoje vou cantar hinos sacros,

deixar fluir a presença de Deus

e que anjos e arcanjos e todos os santos me ouçam.

A virgem pura será minha advogada

e a justiça ampla e macro que vem do Alto

me derramará em véus de linho.

Um branco neve e imaculado.

Eu hoje vou deitar ao relento.

Repleto de poesias e estrelas,

sonhar com o amanhã e poder reviver meu ontem.

Em pensamentos fortuitos e perspectivas remotas.

Nada de projetos, nada de cálculos, nada de roteiros.

Apenas o caminhar na estrada. A rua estreita que leva ao destino.

Uma terra prometida e não confusa, mas rica de singeleza.

Um passo de cada vez.

Eu hoje quero o cantar dos pássaros

numa orquestra de sons disformes.

A beleza de cada nascer de sol e o entardecer mais longo.

Quero a noite como abraço cálido,

quero rosas como santos nos altares.

Velas acesas e muita cor.

Uma mistura de paz e inquietude.

Daquilo que somente a fé pode promover.

Aliás, quero a fé como solução. Sempre.

Eu hoje quero o repouso tumular dos pensamentos.

Sonhar com a morte ainda estando acordado e

ao despertar, receber da vida o dom mais precioso.

Permanecer nela com todos os obstáculos.

Viver a cada instante, o instante único.

Eterno momento, raro prazer.

Eu quero rezar como a criança

e agradecer ao Criador a minha nova jornada.

E Dele buscar um único pedido:

o de permanecer sempre na busca da felicidade.

Eu quero isso hoje.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 29/02/2012
Código do texto: T3527407
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