Lusco-fusco
No crepúsculo do entardecer
Antes do anoitecer
O que chamam de fusco lusco
Nem é claro e nem ainda escuro.
Vai apontar sobre aquela colina
A mais alta do lugar
O transporte mais esperado
E por todos o mais usado.
Todo mundo o caminhão a esperar
Querendo a saudade matar
Ou notícia receber
Ou sua encomenda retirar.
Se chove fica atolado
Se está seco o carro quebra na cratera
Mas ele não tardará
Cedo ou tarde chegará.
Na estrada de piçarra vermelha
Empoeirada e cheia de pedra
Buraco é o que não falta lá
E no meio dela, o perigo a vingar.
De tanto o caminhão passar
O camaleão cresceu pro alto
Quando chove vira atoleiro
E carro de doutor não passa lá.
Logo vê-se o carro do Zé João
É um caminhão misto
De boléia dupla de madeira
Que faz a linha pra capitá.
O carro é velho
Não sei lá o ano
Tem a cara branca
Se é Chevrolet, eu não sei.
E antes de nos chegar
Pra todos logo saber
Ele abre sua buzina
Estridente pra valer.
E logo passa a dizer
Nos sons das buzinadas
“ Graças a Deus já passei do atoleiro
Estrada boa só em tempo de eleição”.
Por fim o carro chegou
Sujo e da cor do entardecer
O povo desembarcou
Abracei amigos e parentes
E o meu amor, abracei e beijei também.