Serendipidade

O acaso, de braços abertos, me convida a criar.

Rogo a Deus a inspiração necessária...

e um vento leve e distraído me traz o que preciso.

Ar nos pulmões, contentamento e um triste balbuciar.

Escrever sobre o mundo e suas loucuras,

tentando entender em cada ser a dor e a delicia,

já cantada por Caetano.

A mais bela frase de amor,

o perdão mais enfático.

A crueldade da verdade.

A mentira perene,

enfim.

A alma na lama de cada um.

Sem muito pensar, me veio assim: e

entregou-me violentamente a vida,

como se dela não mais precisasse.

Usou de fugas e desculpas.

Tropeçando em falsos quereres.

Usei do muito que tive,

usufrui do pouco que veio.

Morro quando deixo a vida se esvair em sandices,

deixo de viver quando a vida se despede dos atos bons.

Impuros sentimentos nas quatro paredes do meu eu.

Corpo caído querendo um motivo.

Último suspiro...

A porta se fechou e a luz deu lugar à penumbra.

O nosso ato descerrou a cortina.

Sem aplausos, assovios, bis.

O amor enforcou-se em lamúrias,

escorregou na vala do rancor,

despencou no abismo angustiante de mágoas.

Calmou-se à espera de salvação

na sala do expurgo.

Nunca mais.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 30/03/2012
Reeditado em 30/03/2012
Código do texto: T3584602
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