" MÁGUAS "
As águas mansas do rio dormente,
Que beijam as pedras de forma clara,
São mãos sedosas que o tempo para,
são dois caminhos que tenho a frente.
se as águas mansas do rio dormente,
Se vão ao longe descendo o vale,
Não tendo pressa e nem quem cale,
O canto triste de olhar fremente.
Se as águas mansas do rio dormente,
Se de repente, por um milagre,
Revolta as águas, mero detalhe,
E a fúria louca te surpreende.
Se as águas mansas do rio dormente,
Parecem até seu amor perdido,
Que nasceu calmo, tornou-se urdido,
Tornou-se insano, louco, demente.