MINHA MÃE

Não perdemos nossas vidas a toa

As pessoas é que nos perdem

E nós perdemos o nó das nódoas das pessoas...

Um sumiço sem compromisso

Andastes por ai tão tarde da noite

Como um espirro nas espirais do nada

Amada é tua minha paisagem

Perpetuada estás na minha bagagem

Tu eras minha visagem

Não me assombras mais

Tu és minha lua

Tombado estou pela rua da amargura

Sua cintura do tempo

Esgrima de minha alma

Meu coração de escritor

Minha mãe se desabrigou

Netos e desafetos

Inclusos estão minha exclusão

De tua vida

Sou pó

Sou nó

Sou só

Quem diria que éreis minha mãe

Espiritualmente sou teu filho em consignação

Insubordinado em tuas construções terciárias

E agora minha mãe???

Sou teu velório

Sou teu conservatório

Teu observatório

Não me sinto mais só

Tenho outra mãe o pó

Palavras vazias

Sou poeta de poesias

E agora mãe?

Quem dará o braço a torcer

Minha mãe meu aço

Rolaram nos temas da vida

Minha mãe me despejou

Me desalojou de suas entranhas

Minha mãe meu canto

Minha mãe meu desejo da roupa do rei de Roma

Que me ensurdeceu

Sabe minha mãe

houve um anjo surdo entre nos dois

Mais tentamos voar

Como plumas ao vento

Dos seres celestiais...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 30/08/2012
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