LEMBRANÇAS QUE FICARAM

É gostoso recordar

Os bons tempos de criança.

O entardecer na roça,

Na escassez ou na bonança.

Passamos sim maus bocados,

Mas tudo foi superado,

Com luta, fé e esperança.

Quando estava escurecendo,

O piar do nhambu,

O Chitão ou Xororó,

Ou do Nhambu Guaçu.

Que nunca mais esqueci,

Também gostoso de ouvir,

O belo cantar do Uru.

Ao amanhecer do dia

Canta toda a passarada,

Numa grande algazarra,

Anunciando a alvorada,

Jandaias e Periquitos,

As Araras que bonito!

Cantoria abençoada.

Logo após tomar café,

Seguíamos para o roçado

O meu pai ia na frente

Dos filhos, acompanhado

Quando a tarde então chegava

Pra casa a gente voltava

Alegres, mesmo cansados.

Outra lembrança que o tempo,

Nunca irá apagar,

Era ver meu pai chegando

Da rua, ou outro lugar

Quando de longe o víamos,

Nós os pequenos corríamos,

Pra em seus braços pendurar.

Meu pai era analfabeto,

Mas tinha sabedoria.

Mesmo em poucas palavras,

O saber nos transmitia.

Respeito e honestidade,

Viver sempre na verdade,

Era o que ele nos pedia.

Sei que não aprendi tudo,

Que pai e mãe me ensinaram.

O egoísmo e a vaidade,

Do mundo me influenciaram.

Mas posso dizer enfim,

Que o melhor que há em mim,

Foi legado que deixaram.

São tantas cenas marcantes

Que os tempos não as apagaram.

As lembranças de meus pais,

As que mais fortes ficaram,

Se mil anos eu viver.

Será pouco pra esquecer,

As lembranças que ficaram.

CEZARIO PARDO
Enviado por CEZARIO PARDO em 18/09/2012
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