Mística
algo que parece maior do que
eu mesmo.
essa chuva estranha de setembro a me embalar
por sombras de vida morta.
quem trouxe essa chuva foi ela, eu tenho certeza!
trará ela também minha própria extinção?
não tenho nem mesmo uma garrafa pra me ajudar
a vencer essa noite
não restou uma sequer. enquanto os tambores
de Poseidón se estilhaçam contra minha janela.
sozinho dentro do meu apertado apê eu sou Ulisses
navegando louco pra voltar
pra algum lugar
que me esqueci.
a chuva cai, mística Gabriela
do jeito que você falou, e eu
penso e observo, respiro fundo
e quero sumir misturando-me a ela.
maior do que meu corpo e maior que as minhas limitações
é o espírito da chuva e do mar que
você trouxe, cheia de metáforas e algas,
profundezas e mistérios.
meu pacto com a terra agora acabou;
vou me afogar em sonhos negros & delírios
- os bolsos cheios de pedra.
sem nem um mísero farol pra me guiar...