CAMPINA

O cheiro de pasto na narina,

Cheiro forte, de mato molhado.

O cavalo que balança sua crina

Bem aventurado em sua sina,

E o meu ser, fero, aprisionado.

Liberto está o corcel indomável

A correr em seu trote admirável.

Belo alazão a percorrer a campina

Em seu intrépido galope endoidecido,

A pisar solene na grama farta e fina,

Colorido pela luz solar que o ilumina,

Exibindo seu orgulho nunca esquecido.

Sagrado corcel a trotar pelos verdes prados,

A se embrenhar sem medo nos matos intocados.

Toda a campina a se revelar em plenitude,

Aquele ar de selva, de capim, cheiro de terra.

Eu, em minha contemplação, que me ilude,

A tudo contemplar antes que tudo mude,

Admiro o cenário que me fascina e me aterra.

Verdes campos a se estenderem rumo ao infinito,

A nos arrancar do peito um indomado grito!

9/2/1986