Além do mais...

O vento retorce as linhas claras da areia
Tremulando velas e sensações estranhas
Na tarde já serenada de minha aldeia
Chega à noite, logo o madrugar da alanha.

A dor descortinada no horizonte aéreo
Onde nunca é noite nem madrugada
Colore o pranto o mar de tintas ébreo 
e murmuram  gotas da solidão permeada.

Umedecendo as íris dos olhos quietos
Que na tarde foi dormindo mar adentro
Mirando de meu ser o suspirar inquieto 
contido na  alma a profundeza do centro.

Forja o vento o luto da desnuda prosa
Avivando as dores do cantar silente
As balizas avaras da viúva negra chorosa
Alceada do mundo pela teia eloqüente.

No pulsar o coração nas veias das pernas
Ressuscitando o morto no pranto corrente
E transborda do corpo o amor que hiberna 
da  saudade que abismada, traz-lhe o ente.

Latejando a  porta esquecida na mão da eternidade
Brinda ao ar cinzento as espumas desmanchadas
No frenético vai e vem das ondas a ludicidade 
perdurada no tempo de solitárias invernadas! 


“A Poetisa dos Ventos”
Deth Haak
4/3/2007

SPVA-RN: Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN
Cônsul Poetadelmundo RN


Deth Haak
Enviado por Deth Haak em 04/03/2007
Reeditado em 04/03/2007
Código do texto: T401139