SINTOMAS DE DISFUNÇÃO LÍRICA

Algumas palavras

as julgo inertes,

outras fogem

de mim...

Tenho vocação

para explicar:

o não dito,

o não escrito...

mistério pouco,

é falta de poesia,

para mim...

Todas palavras são

íntimas umas das outras,

não carecem familiaridade

para criar um texto,

ou fazer um verso...

Eu nunca falto aos encontros,

nem mesmo quando não

me encontro...

Eu estou presente mesmo

nos desencontros...

As palavras que não

se conhecem, tem em mim,

um grande alcoviteiro:

Caso palavras, faço

uniões despropositadas,

incesto de palavras...

Comigo, as palavras

nunca estão sós...

Amo todos os seres humanos,

sem igualdade e com distinção.

Sendo livre pensador:

amo todas mulheres, mesmos

as casadas. as comprometidas

e as mulheres dos amigos...

Em respeitoso silêncio.

é claro...

Dou formas e contornos

a coisas desajeitadas,

falo com tudo e com

todos:

Homens, porcos, árvores...

Mas o que gosto mesmo

é faze-los cantar:

Seja gente, animal ou pedra...!

Inspirado na obra de MANOEL DE BARROS.

Alkas
Enviado por Alkas em 25/12/2012
Reeditado em 25/12/2012
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