C R U E L & V A Z I O

CRUEL E VAZIO

jTorquato

Eu sei o que eu vi

Eu senti o que só eu senti

E frevei com pés pequenos

E frevei de marinheiro e tubo plástico com Atikison.

E vi minhas pernas enroladas em tiras coloridas de papel

E Ví papel picado descendo do céu de Zinco,

Eu abracei uma mulher que tinha o cheiro de minha mãe,

Tinha o sabor de minha mãe, mas a cara era de uma velha bruxa.

Eu senti uma alegria estúpida ao som de músicas tocadas num poleiro armado

Era um monte de caras com uns instrumentos na cara e bochechas inchadas,

Era outro monte de caras com varinhas mágicas voando sobre tambores.

Mas a música me fazia me mover, querer pular.

O cheiro no ar, a nuvem perfumada, o sorriso das máscaras,

O portão a se fechar, um clube a desaparecer e eu?

Eu a amanhecer sob um sol adulto e um som acintoso

Que me mandava para puta que o pariu, e mete fundo nela.

Acordei mas não tive como desligar este clube.

A música que não era música, a letra que não era letra, me invadia

Sem minha permissão fazia o meu carnaval mais idiota e mais cruel

Cruel por ser inumano, cruel por ser vazio.