Nogueira

Nogueira

Outra cousa não fora que esta velha nogueira

A dar sombra a um passado

Que ano após ano se veste de frágeis pampos

Florindo brancos-rosa de amor infinito

Em prados fervilhantes de sentidos e de odores

As manhãs espreguiçam-se mais risonhas

E o sol brilha morno atrasando-se nas idas

É o tempo curioso das serenas alegrias

Em que os casulos são tecidos em sedas rendilhadas

E eu, nobre árvore de respeito e de idade

Enfeito-me animada em humilde contributo

Ao hino divinal da vida a rejubilar.

Os orvalhos já não queimam

E extasiada embalo rebentos e flor

Oferecendo armilares frutos de amargo sabor

E para que conste

Guardarei a sete chaves num caroço protector

A semente encarquilhada do ditado popular

De que por vezes o divino

Dá nozes

A quem não as pode mastigar.

Moisés Salgado