Dor e tempo

Oh dor maciça! Indelicada e irrequieta,

Curta e precisa, que atina e devaneia

Teces com fúria a tua dócil teia

Mas repudia quem nela se injeta.

Dor matutina a serpentear na veia

Quando enfadonha a mente se estreita

Serena e lisa, ficas na espreita

E sem caminho fica quem se enleia.

O tempo amigo também é derradeiro

E não se espera mais de onde ele veio

Chega com graça e mete lhe o arreio

Depois despede-se frio e matreiro.

E assim se torna o fado suportável

Com a esperança do que vem depois.

E o que ontem era um hoje são dois,

E encontramos um nível mais estável.

Porém a vida vem cobrar ou a morte,

Ou na medida incerta, a má sorte

E pisa duro os cascos na areia

E o castelo de pronto se desmancha

Lágrima e fel desse ruir deslancha

Sobra só o lamentar da dor alheia!

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 16/03/2013
Código do texto: T4191158
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