Poeta nu

Roubaram-me o direito de sonhar. Já posso ver o meu fracasso. Sinto-me um bagaço que acaba de cair do engenho e neste regaço me transformei em um palhaço, um péssimo exemplo de capitalismo.

Escapei da morte no parto, mas já posso me ver no centro de um palco e com lindos enfeites para abrilhantar meu enfarto. A cidade muda já começa a me perseguir, já posso ouvir as comadres da Ave-Maria buscando minha companhia e querendo minha vida perfilar.

É duro, é quase desumano viver por viver sabendo que nada de romântico irá me acontecer. É quase desumano trabalhar só por trabalhar sabendo que esse trabalho em nada irá me realizar.

moraesvirada
Enviado por moraesvirada em 21/03/2007
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