A ver navios
Já não faço dos meus dias
O que fazia antigamente.
Tornei longa as noites frias
E a madrugada deprimente.
Com o tempo de sobra
Não tenho o que fazer.
Num ninho de cobra,
Tento me alojar e sobreviver.
Me ajeito num canto imundo
E deito encolhido com medo
Uma hora leva cada segundo,
Esperança se foi tão cedo.
O amor foi só fantasia
Por ironia eu nunca o tive,
Mas amei e você não via,
Sem amor só se sobrevive.
Nada vai ocupar esse vazio
Devastado peito rasgado
Coração tomado por algo sombrio,
Eu nunca soube o que é ser amado...
Naufrago ilhado que morrerá a ver navio.