O que me sobra

Cante aos cântaros

eles saberão como te afagar,

Mas não conte comigo

(com meu eu dócil).

Canta, canta como digo:

os conselhos fúnebres que não canso de te dar.

Vai à lua e lá fiques.

Fita-me de lá.

Eu, cá estarei ouvindo-te

A te contar o meu segredo.

A te presentear meu amor inimigo.

Não parece contigo o teu canto.

Ah! Afogar-me em teu seio roxo

e depois te querer sem que mo queiras

gestar o sorriso que tua sorte me negou.

Maldita é a sorte que não tenho.

Meu corpo nu sobrevive sob teu manto

onde questiono-me pelo que de mim sobra...

Nada mais que este corpo de morte, branco.

Eu? Pobre tristeza além-dor

Nada mais sou, - tenho certeza -

que um anfíbio rouco sem grandeza

jogado à tristeza que por mim passou.