Fim de Tarde

O olhar perde-se no nada, procurando por algo simples, o sentido de tudo, pela janela se vê o comum, o usual, o cotidiano. A chuva torna-se garoa, ou a garoa que se torna chuva, como que em um ciclo sem fim. Uma viagem, e descobre-se que tudo é passageiro.

Com os olhos pode ver, e com os ouvidos pode ouvir, os pássaros voando. O olhar se mantém perdido no nada, e desta maneira observando tudo. As pessoas passam as pressas, é a garoa que molha como chuva, um entardecer de poucos risos, cores... Distrações. E o tempo demora a passar enquanto a chuva cai. Alguma memória vem e vai.

Tem um pequeno desvaneio, enlouquece, perde-se por um segundo, pensa, e se pensa logo existe, o desvaneio logo tem fim, volta-se a razão, a tarde, a garoa, o olhar vendo o nada, procurando por tudo.

A garoa continua, molha como a chuva, o vento do inverno a cortar e congelar, não importa, é mais um fim de tarde; continua-se a olhar. Será uma noite sem estrelas, mas sabe-se que estão lá em cima, acima das nuvens acompanhado a lua solitária, pelo céu a caminhar. A sensação é de vazio, de que algo falta, mas logo aparecerá.

Completa-se tudo, fecha-se uma lacuna. A janela, a tarde, não tarda a passar, se foi para não mais voltar. Apenas mais uma tarde... nada mais a declarar!