Meu rio dorme tranqüilo
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Já não estou medrosa
a tarde veio em meu refúgio trazendo
sob sua égide a dança cintilante das verdades
todas elas entrelaçadas
num emaranhado de mal entendidos
trouxe consigo seus lábios de amante
que me beijou terno ...amigo
Foram supremos os meus esforços
para diluir minhas mágoas
demover meu dedo em riste
acusando você dos erros que não cometeu
Ah! Doce dia que veio caudaloso
descendo, me ensinando orações
perdoando as dúvidas
Hoje, corre em mim numa languidez
que incentiva e me ensina a esquivar
dos fantasmas que bailaram
letárgicos ao meu redor
recheados de maldades
agora o meu rio dorme tranqüilo
Nada mais importa
pois na quietude do seu remanso
esqueço dos dissabores que alimentaram
sua ausência onde fiquei
achando que
a estrada cinzenta e fria
não teria volta
Confidencio agora somente aos meus devaneios
sugiro que até o silêncio não tumultue
minha tranqüilidade
nem quero lembrar de mendigar
horas a mais nos meus dias
Não será qualquer barulho
que me fará acordar