Armadura

De uma das torres do meu castelo, contemplo os mouros,

Eles vem armados, gritando, quase enlouquecidos,

Enviei a minha tropa ao encontro deles, para fazer a defesa,

Mas eles são muitos, atravessaram o Mar Mediterrâneo,

E as minhas terras são a porta de entrada de Portugal,

E o rei me abandonou, escondeu-se na sua corte, em Lisboa,

Talvez tenha rido do meu mensageiro, menosprezando-me,

Eu, um mero nobre, um marquês, residente na fronteira,

Mas dos meus impostos ele não ri, aquele sovina.

Beijo a minha esposa, beijo os meus oito filhos,

Eles sabem que nunca mais me verão,

Por isso choram copiosamente,

Peço aos meus vassalos que me vistam,

A minha armadura é pesada,

As minhas pernas tremem,

Um deles me entrega a minha espada,

Colocam o meu capacete,

O meu capelão reza uma oração ao meu sucesso,

Eu ri, não sei o porquê, não consegui me segurar,

Montei o meu cavalo predileto,

Mandei abrir os portões do castelo,

Dei o meu último aceno a minha família,

E desembainhei a minha espada,

Pois a batalha derradeira me espera...

Fábio Pacheco
Enviado por Fábio Pacheco em 08/10/2014
Reeditado em 08/10/2014
Código do texto: T4991188
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