Rio Amazonas

Vim das neves eternas

Onde nasci pequenino,

Num crescendo vou rugindo

A cobrir todas as terras.

Na descida vou levando

As areias, os barrancos,

O que encontro aonde vou.

Nem raízes, nem galhos nem troncos

Vencem o rio que eu sou.

Mitos e lendas levo comigo

Que acendem a imaginação:

Iara, boto, curupira,

Uirapuru e boitatá,

Histórias de um tempo sem fim.

Serão verdades ou mentiras

Que algum caboclo inventou?

Perguntem ao pajé, ao curumim,

Eles sabem o rio que eu sou.

Sou fonte de vida e de morte

Daqueles que me enfrentam.

Apenas índios e animais

Me conhecem de verdade,

Compreendem meus sinais.

Meu leito desperta a cobiça,

Cobiça gera maldade e horror.

O homem erra e desperdiça

Os bens do rio que eu sou.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 17/10/2014
Código do texto: T5002081
Classificação de conteúdo: seguro