POEMA DA ESQUINA - PARTE IV

Noites silentes e frias

Caladas e contritas

De orações anônimas de angústias tantas

A dor dos santos da paixão

As dores das gentes que os seguem

Passos lentos e lamentosos

De lágrimas caídas ao chão

Nas dores das mães

Tão iguais e tão distantes

Em rostos enrugados, sofridos

Tão comum aos que vemos

Na esquina.

Em tempos que insistem lentos

Esperas e conversas várias

A vida segue seu rumo

Tão igual ao ontem e ao amanhã

De sinos e simbolismos

De lembranças e memórias

E de tempo para a contemplação

E sentir cheiro de infância

De encontros e reencontros

Como tão cotidianamente

Na esquina.

As paixões brotam de olhares

Doces e sublimes, ternuras

Nas inocências infâncias saudáveis

Sempre embaladas por ocasos

Acompanhadas de alegres cantos

E muitos sorrisos

E passos desapressados rumo ao êxtase

De estar no céu

Por uns instantes

A contemplar anjos e singelezas

Como nossas inocentes brincadeiras

Na esquina.

Infância cruel, que finda um dia

E nos leva ao outro lado

E nos faz viajar por emoções e sensações

E a experimentar sentimentos que doem

Ainda na inocência idade

De meninos que brincam e se amam

Que sonham madrugadas frias

Iluminadas pela lua tão viva

Neste céu sem luzes tantas

Nos cantinhos ingênuos das escuras ruas

E das pedras emudecidas e vigilantes

Que viram infantis corações se apaixonarem

Na esquina.

Em pequenas cidades o tempo para

E permanece a loucura do acolhimento

A singeleza pura de sorrisos

De amizades que se encontram

Sem as apressadas obrigações

Que nos roubam o brilho

E o calor da proximidade

Em esquinas várias

Em cruzamentos ainda tão calmos

Olhares e recordações se encontram

E proseiam sossegadamente

Na esquina.

Nas casas mudas, rostos falam

E se escondem lágrimas nos sorrisos

E se escondem amores em timidez

E se traem em olhares

Perdidos ao infinito e aos montes

Lá longe

E o tempo muda o mundo

E o tempo muda as pessoas

E a cidade permanece

E as ruas continuam levando e trazendo

Antigos e novos

Sobre pedras, escombros da alma

E saudades, e despedidas

Tantas vezes cruzadas e invisíveis

Na esquina.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 01/04/2015
Código do texto: T5191798
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