Inspiração**
Sentei-me sobre meu leito
e de súbito, abraçado ao violão,
quedei-me a esperar as atordoadas tramas,
o que chamo inspiração.
Não veio nem o azul, o claro, o verde,
a letra, a raiva, a calmaria,
não veio na nota, o susto, o horror,
nem o sentimento que me abarcaria.
Nem a imagem veio, a beleza do rosto,
a pele sensível que me abrazaria,
o toque dos lábios, suave doce
da boca louca que me beijaria.
O sentir eterno não veio
o gosto agridoce não apareceu
o poema, filhote caseiro
abortou-me e a poesia morreu.
13/06/2007
Publicado no Site da CBJE, sessão Poetas da Vez; 06/08/2007