Fim de tarde!

Toda tarde desemboca na alma, através da nostalgia! Seja na chuva fina que cai, no frio para aquele cafezinho ou até mesmo em dias quentes de verão, onde por mais badalada que esteja a praia ou a piscina, você procura um cantinho só seu! Tom Jobim, imortalizou um desses momentos na letra da bela canção, "Tarde cai a tarde" que diz: "E a sombra vem andando pelo chão...Tarde cai a tarde...E a saudade também cai no coração..." Em Minas, era muito comum, na região que eu morava, ter enchentes homéricas, onde logo o rio inundava tudo, ficávamos ilhados! Eu e minha irmã, morávamos com nossos avós, ficávamos contando os pingos de chuva da nossa janela, na água suja da enchente...coisas de crianças, que acreditavam que isso era possível!!! No final da tarde o Sol resplandecia naquelas águas, e achávamos que cada pingo de chuva era um "patinho"... Viajávamos na fantasia!!! Fantasias de fim de tarde!!! Também era nos fins de tarde que eu costumava deitar nos braços da minha avó materna num sofá que ficava próximo da Janela e observava o céu...dando formas às nuvens, que vez ou outra eram cortadas por algum pássaro livre à voar!!! Também era nos finais de tarde, que batia um vento gélido no inverno, nos avisando que era hora de se recolher! Ah, e no inverno, parece que a Solidão é maior...por mais amigos que você tenha...o inverno te obriga às introspecções "forçadas"... sempre nos fins de tardes!!! Parece que a saudade, os momentos românticos, a sensibilidade reside ali...aliás os fins de tardes, só dividem seus momentos com os silêncios das madrugadas, com uma diferença: No silêncio das madrugadas, há angústia, há prantos engolidos, há mergulhos em realidades mal resolvidas! Os fins de tardes mergulham os homens no mais profundo mundo da fantasia e a madrugada para equilibrar, tira-os, emergindos-os para a realidade que nem sempre possui o Sol dos fins de tardes, apenas o vento gélido que insiste em congelar a alma e entra por brechas de janelas mal fechadas, chamadas de sentimentos!