TERRA SECA
Despertei-me
Havia canhões do céu
A mão poderosa do vento, torcia as nuvens
Algumas já roxas, outras grávidas de chuvas que se aproxiamvam da terra
Sem saber, eu participava do primeiro ensaio da chuva,
Depois de tanto tempo de secura.
que parecia não ter fim.
Assim minha alma bebeu com avidez, as primeiras gotas
A cair na face ressecada, exalando o cheiro do solo molhado
Um perfume ocre que entorpecia as narinas,
Que pensei vir de dentro de mim.
Deitado com o ouvido colado na terra,
Ouvi extasiado os trovões e as ondas telúricas do solo redivivo,
Despertando lentamente, as sementes do longo exilio.
Depois, caminhei trôpego pelos vales que julgava mortos,
Agora mais leves, com tudo parecendo renascer.
Andei por eles, sem rumo,
Como um animal que volta ao seu território
Na busca da ressurreição dos seus sonhos!