A rosa
Esta flor por Deus esculpida,
jaz num sepulcro frio escondida,
repousa suave na brisa do vento,
dorme calma e serena sob o relento,
como criança chora a dor da despedida.
Ainda numa tristeza atroz, incontrolável
vive uma dor sem fim, inconsolável,
olhando as estrelas, calada, saudosa.
E lembra de seu fim, mais cansada, medrosa...
Como se não entregue soubesse,
morreria pelos pés, haja o que houvesse,
por quem num pranto a colocou
no mais triste dos lugares,
no mais infeliz dos lares,
quando o inverno enfim chegou.
Não chores mais flor querida,
breve chegará o dia de tua partida,
sobre a mesa à luz de velas ficarás,
Em nossas lembranças sempre linda serás.
Enxugai novamente as suas lágrimas,
chega de melodramas com canções esporádicas.
Onde a maldade um dia te encobriu,
serás enaltecida como nunca se viu.