A QUEIMADA

A queimada

Sol nascia,

Sol se punha.

Nada de novo.

Sem rumo,

Nuvens esparsas se formavam no horizonte,

Mas, nada de chuva.

Tudo tão sem vida,

Tão sem rumo.

Na vida do sertanejo.

Sem rumo,

Sem nuvens,

Sem chuva,

Sem vida,

O sertanejo mudou de plano,

De rumo,

De lugar,

De roça.

Abriu veredas por entre a caatinga

E demarcou um quadrante,

Com consentimento.

Fez acero e ateou fogo.

Ainda com vida,

A biota ardeu,

Gemeu,

Sofreu,

Chorou e morreu.

Contemplando as labaredas,

O pobre homem,

Se perguntou:

Até quando terei que matar para viver?

De seu íntimo,

Veio a resposta:

Até que te mates,

Que morras.

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 02/07/2007
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