Semeadura ( A saga da árvore)



Foste semente um dia
trazida por um pássaro viajor
breve pouso rasante em fértil solo,
nasceste, delicado toque de broto.
Freqüentaste com nobreza,
o balé dos ventos outonais.
Desenhaste vida, engendrando verdes galhos
levemente, traçavas o seu caminho
atenta a desejos de primavera flor.
Tornaste árvore, sua prima intenção,
cresceste forte e bela em conciso cerne.
Abrangeste seu legado em verde tom
esperança de envelhecer na composição da flora
Esta é a canção de vida de árvore
promover os primeiros leques uivantes
ao romper da aurora, que se pode comparar
a todo amor.
Encontrava-se inteira, sublime legado
partícipe da sinfonia da sagrada floresta
Serena e segura de sua longevidade
jamais poderia, já que majestade,
esperar por súbita mudança funesta.
Repentinamente, do nada, no horizonte,
surge um som estridente e assustador,
quê de início, no olhar de copa, tal som,
não lhe poderia causar mal ou dor.
Era o homem, que também buscava
abrigo e forma neste mundo de gente
O instrumento de mudança do destino daquela,
que um dia foi semente, broto, galho, fruto e flor.
Com motor de serra e dente ao ombro,
ares, instintivos astuto assombro
cravou-lhe aos pés um certeiro corte,
na intenção de não lhe causar a morte,
ceifou-lhe por total, os desejos.
Deitou seu corpo em solo frio,
cortando em pedaços sua história real.
Hoje, podemos vê-la em mil faces:
Portas, janelas, cabos, botões,
tramelas, postes ,telhados e facões,
barracos, tacos, cercas e mourões,
palcos, pontes, estacas, gamelas,
cadeiras, postes, placas, pinguelas,
camas, púlpitos, palitos, eixos e balcões.
Carroças, carros, sustentáculos,
beirais, gaiolas, caixotes e caixões,
tábuas, tonéis, traves e carreteis,
balsas, barcos, veleiros, escunas e galeões.
Detalhes de belos carros, caixas de relógios,
hélices de aviões, roda de biga de gladiador,
papéis ou carro de boi trabalhador.
Escadas, bengalas, entalhes, igrejas, sacrários,
pinceis, esculturas, palhetas e molduras,
pianos, violinos, flautas, gaitas, radiolas e batutas;
berços de criança ou assento de escola.
Habitas castelos, sustentas reis e papas,
lugares e coisas, que sequer constam em mapas.
Viajas pelo mundo inteiro, de toda forma, até mesmo em braseiro,
fornalhas, forjas, fogões, fornos e lareiras,
fumaça, gostos, temperos, isqueiros e carvão churrasqueiro.
Por acaso um dia, alguém lhe perguntar?!
Vós sois de que família?
Conte-me sua história!
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Árvores Migratórias




José Tadeu Alves
Enviado por José Tadeu Alves em 06/07/2007
Reeditado em 16/07/2007
Código do texto: T553953
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