VOAR É PARA OS PÁSSAROS

O poeta, na relva, canta com os pássaros.

Olha o céu sereno e julga ser um deles.

Sua pretensão seria voar até o infinito

E, lá no alto, com fervor, orar a Deus.

Lastima não possuir penas em seu corpo,

Com as quais poderia voar até a imensidão.

Queria voar, ir para as alturas do universo

E mergulhar no azul celeste do firmamento.

Queria voar e isto desejava ardentemente,

Mas ele, pobre poeta, nada conseguia.

Os pássaros, ali ao seu lado, cantando,

Davam-lhe a impressão de estarem apoiando

Sua louca pretensão de voar.

Mas seu desejo não se realizava.

Talvez Deus, pensava, não desejasse isso,

Talvez desejasse e ele é que não conseguia.

Deus poderia ajudá-lo, pensava.

Porém, um pássaro, ali perto, fitando-o,

Disse-lhe, com ternura estampada aos olhos:

"Voar é para os pássaros, meu amigo!"