POEMA DO AGORA.
Há beleza no balanço
do galho.
Há galhos no balanço
do vento.
A vida aqui é oásis,
é construída de grãos e detalhes,
é a mão que sustenta a nação,
é o sertão com seus atrasos,
dos poetas é o parnaso,
das casas caiadas a barros,
dos rios sem intenções,
do pó da terra batida nas
épocas de estiagem,
dos pomares frutíferos,
dos musgos dos boqueirões,
da folha da Embaúba fazendo
a sombra no chão,
do santo riso desdentado,
dos vestido de chita ramado,
do chapéu de palha rasgado,
do gado beirando o grotão,
do galo anunciando o dia,
dos pássaros tecendo o ninho
nas bordas do capoeirão,
dos meus olhos marejados,
vendo o vento tombar afobado
os frutos de uma plantação,
é, o sertão,
a beleza do embalo do galho,
o cheiro do orvalho molhando
a fina poeira do chão,
me alimento de tanto mistérios,
neste chão de ouro e minério de ferro,
mas o ouro que aqui refiro-me,
por oras é um simples embalo,
do galho de um mangueirão.