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PARTIU

Solidão é cama aquecida
Desarrumada no quarto sem vida
Roupas guardadas ou desalinhadas
Em meio ao doloroso pranto.

Já houve o tempo de partilha
Dos sorrisos exagerados

Brincadeiras e intimidade
De quem já não mais participa.

Cama desalinhada sem o segundo cheiro
Tudo tão seco, tão sem graça
Apenas um molhado travesseiro
Sem controle, tamanho desespero.

Mas, havia chegado o dia da partida
Fugidio ao meu desejo
Era chegado o momento da dor
Compartilhado comigo mesma
Em silencio permanecendo
Até que o tempo venha
E me leve também, mesmo que eu não mereça.

E aquela cama outrora aquecida
Já estará fria e arrumada.
As roupas dante desalinhadas
Com certeza serão repartidas.

Não haverá mais a dor da solidão antes sentida
Nem tampouco a dor tanto tempo reprimida.
Num outro plano tudo será festa
Exaltando não a morte, mas, sim, a vida.


(Leila Azevedo)                                                                             Partiu ... partirei.

Agosto/2017