Moribundo sem rimas
Quando a ausência das últimas forças vitais
Apagar o desejo débil de continuar nesse mundo
Já não haverá o desespero voo do pássaro
Que sai do ninho na certeza da incerteza.
No tempo em que as células
Entrarem em desunião
Serei eu mesmo a própria união
No pó, no voo livre e infinito.
E nos instantes finais de visita
dos resquícios de lembranças mórbidas
recitarei Baudelaire em flores do mal
ou Cárcere das almas de Cruz e Sousa.
Não narrarei minha transmutação
Como o fez Brás Cubas
Mas ainda escutarei
No sopro derradeiro do infinito
Alguém dizer: foi um bom homem!?