Casarão Villa São Aleixo
CASARÃO VILLA SÃO ALEIXO
A chuva cai lá fora
Em noite fria de outono
Tudo é tão triste
Ao meu redor...
A Natureza parece retrair-se
Semelhante ao ser-humano
Em estado embrionário
As gotas escorrem pelas centenárias telhas
De meu velho casarão
Que, calado, divide comigo
Esta estação que abate
E minh’alma deprime
Ácidas águas que caem
E devoram todo o meu ser
Num satânico bailado
Ao som de ventos uivantes
E medonhas gotículas que riem
De minha infinda solidão
Folhas mortas ressecadas
Esvoaçam sem rumo
O velho corre atrás de seu surrado chapéu
Raios riscam o espaço
Pássaros recolhem-se
Em seus quentes ninhos
“ Dias de preservação da espécie “
A igreja em gótico estilo
Com suas inúmeras torres pontiagudas
Parecem dedos a tocarem o céu
Implorando a Deus veemente
A presença antecipada
De moça bonita
Perfumada Primavera
Indiferente a minha dor
Os sinos badalam
E absorto permaneço
Mergulhado em meus pensamentos
De profunda melancolia
Dias tortuosos de insônia
Leituras intermináveis
Composições poéticas intermitentes
Páginas mortas com certeza
No grande livro
De minha Vida...
20h15
Pulsar