AREIAS DO TEMPO

No funil da ampulheta

o tempo que caía, cantava

cantava as alegrias dos encontros

e dos encantos da partilha

muitos partilharam comigo

noites de lua cheia

conversas sem fim

serenatas e cantorias

madrugadas terminadas nas areias da praia

quando as águas do mar

em espuma chanpanhada

brindava os laços

que se fundiam no cotidiano do amar

muitos também partiram

deixando dor em lágrimas, espaço vazio

pertencente ao amigo

boca sedenta de beijos

da paixão que ardeu nas entranhas

mas o fio de areia

ainda está a gotejar, marcando o tempo

tempo presente

que se vive agora

tempo de paz e de guerra

de música e silêncio

de amar e amar

até o derradeiro e último momento

em que caia

o último grão de areia

Lauro Madureira
Enviado por Lauro Madureira em 04/06/2018
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