AÍ DE MIM.

Ai de mim se disser que não estou afim,

Vou ficar jogado num canto da sala em forma de tamborim,

Meu coração apanha mais que um surdo e não se engana,

Falsa ilusão, o cavaco chora mais é bem sacana,

Vou sair com o meu bloco de samba pela avenida,

Minha porta bandeira vai ser a mulata mais querida,

Abraça com graça o enredo desse meu coração,

Faz-me de gato e sapato essa minha desilusão.

O repinique me disse que assim não tem mais jeito,

O tantã insiste que não estou pensando direito,

Olha a cuíca roncando e dizendo por que veio,

Tem o reco-reco que atazana com esse barulho feio.

Aí de mim, se disser que não estou afim,

Chega o violão sete cordas com harmonia de um cavalheiro,

Á percussão pede passagem arregaçando o coitado do pandeiro,

Mestre-Sala chega e se reverencia com elegância,

Diretor de bateria faz valer a sua importância,

Regência uma longa paradinha mais logo avança,

O tempo está se esgotando e não vejo saída,

Puxador de samba grita, essa é a minha despedida...

José do Carmo
Enviado por José do Carmo em 08/08/2018
Código do texto: T6413172
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.