CAMBÃO DE BOI

Lá vem o vaqueiro, o boi e o cambão

A bater-lhe às patas,

Ferir a carne

Quebrar-lhe os ossos.

Lá vai o vaqueiro, e o boi, só cambão.

O vaqueiro o alcança e leva ao curral.

Depois de abatido,

O pé é perdido –

- se comer faz mal.

O menino pega o mesmo cambão,

Fura no meio,

Põe carvão moído,

Enfia num pau cravado no chão

E a gangorra sai no fim do quintal

Entoando um hino

D’um só tom triste

De carro pesado,

Carro de boi

De boi de cambão

Cambão de boi.

Cambão de umburana,

Cambão sofrimento.

Cambão de umburana,

Cambão diversão.

Retrato da vida

Do boi, do vaqueiro

Dos dois companheiros

De sol,

De Sertão.

Justino Francisco dos Santos

Meus Versos. 1994

Justino Francisco
Enviado por Justino Francisco em 20/10/2018
Código do texto: T6481215
Classificação de conteúdo: seguro