CAMBÃO DE BOI
Lá vem o vaqueiro, o boi e o cambão
A bater-lhe às patas,
Ferir a carne
Quebrar-lhe os ossos.
Lá vai o vaqueiro, e o boi, só cambão.
O vaqueiro o alcança e leva ao curral.
Depois de abatido,
O pé é perdido –
- se comer faz mal.
O menino pega o mesmo cambão,
Fura no meio,
Põe carvão moído,
Enfia num pau cravado no chão
E a gangorra sai no fim do quintal
Entoando um hino
D’um só tom triste
De carro pesado,
Carro de boi
De boi de cambão
Cambão de boi.
Cambão de umburana,
Cambão sofrimento.
Cambão de umburana,
Cambão diversão.
Retrato da vida
Do boi, do vaqueiro
Dos dois companheiros
De sol,
De Sertão.
Justino Francisco dos Santos
Meus Versos. 1994