Morfema Preso

A solidão me corrói

E a noite cai

Está tudo repleto de advérbios

E adjetivos

No dicionário mudo

Não me detenho ao verbo

Prosto-me

Perante o coração

O sufixo imita a razão:

Mente

Dominadamente

Dominada a mente

Que não entende

Porque o coração sente

E as mãos: tremem

O coração ressente

Em sensação presente

Inspiro profundamente

Não há palavra que agüente

Não há lágrimas ardentes

Sem classificação

Que se apresente

Sem deleite

Fatidicamente

Volto ao final

Apenas um desejo

Que se unam adjetivo e advérbio

Sufixo e prefixo

Que nada...

Tudo fica rasgado

No véu das palavras

De-form-ado

Conformado

O morfema fica preso

Desalento

Meu final...

Rose de Castro

A ‘POETA’

Rose de Castro
Enviado por Rose de Castro em 11/09/2007
Código do texto: T648411