Só um dia

O que fica desse dia que se fora

Sem se dar nem receber,

Na solidez desse tempo renitente,

Que se demora, que arrasta as horas

Em pálido dia sem memorias.

O que fica desse dia

É um longo piscar de olhos

Se de chuva,

Alguns pingos a espantar a solidão

Das janelas.

Se de sol,

Um deitar dos olhos

Sobre um colchão de folhas mortas.

O que guardamos desse passar sem se notar

É quase um nada!

Apenas um dia qualquer, que se fora

Assim, sem sonhos!

Um passar sem passado

Que se desfez devagar

Como nuvem sem sol,

Solitária, sem matizes.

Fora um simples dia, um tempo insipido

Sem marcas nem cicatrizes!

Que desintegrou-se na imensidão

Dos dias sem sabores.

Perdeu-se na engrenagem

Das horas sem registros,

Ainda que dos olhos tenha sido

Morrera no vazio dos sentidos.

Edivaldo Mendonça
Enviado por Edivaldo Mendonça em 08/12/2018
Código do texto: T6521909
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