Revoada dos marginalizados

A revoada dos contos

Sobre pombos

Que fazem seus ninhos

Sobre os telhados...

É sobre estes

Apelidados

De ratos de azas

Que por não terem

Morada

Vivem em revoada

Buscando abrigo

Contra chuva

Buscando refúgio

Nas madrugadas

Turvas

Buscando-se resguardar

Da insegurança das ruas

Fazem dos telhados

Seus santuários

Rezam em gojeios

Que parece murmurios

Disputam comidas

No meio fio

Na beira das calçadas

Nas varandas das casas

Ou no meio da rua

Atirando se a sorte

Entre os carros

Arriscando suas vidas

Dizem que entre

As aves, o pombo

Não passa de um favelado

Rato de azas

Como é chamado

Nestes dias...

Mais que um dia

Já ganhou medalhas

Por bravura

Honra ao mérito

E por trabalhos prestados

Pois eram eles

O pelotão de correio

Alado

Levando a correspondência

Para todo lado

E hoje é um marginalizado

Faz parte de uma parte da história

Esquecida

Como tantos outros

Que também ganharam,

Por serviços prestados

O selo de marginalizados.